No Brasil, a criatividade para o crime digital não para de crescer. O golpe dos falsos advogados não só prejudica os clientes, mas também atinge diretamente os próprios advogados, cuja imagem é usada de forma fraudulenta. Além disso, expõe uma falha gravíssima do sistema bancário: como é possível que, com uma simples chamada de vídeo, criminosos consigam acessar contas bancárias e roubar valores?
O Golpe Que Engana Cliente e Advogado
Esse esquema funciona porque os criminosos utilizam dados reais de processos judiciais, tornando a abordagem extremamente convincente. Eles entram em contato com a vítima se passando pelo advogado responsável pelo caso, enviam documentos baixados do processo, e em alguns casos, até realizam chamadas de vídeo para capturar a biometria da vítima e acessar sua conta bancária.
Mas não é só o cliente que sai prejudicado. O advogado também é vítima, pois tem sua foto, nome e credibilidade usados no golpe. Quando o crime é descoberto, muitos clientes passam a questionar se o próprio advogado teve alguma participação, o que pode manchar sua reputação e gerar danos irreparáveis à sua carreira.
Imagine a situação de um profissional que, de repente, começa a receber mensagens e ameaças de pessoas que acreditam ter sido enganadas por ele, sem que ele sequer tenha tido qualquer envolvimento na fraude. Além da dor de cabeça, ele precisa provar que também foi alvo dos criminosos e que sua imagem foi indevidamente utilizada.
Os Bancos São Responsáveis Pela Falha na Segurança
O que mais chama atenção nesse golpe é a facilidade com que os criminosos conseguem invadir contas bancárias apenas com uma chamada de vídeo. Isso revela uma falha absurda nos mecanismos de segurança das instituições financeiras.
Se um banco permite que uma simples captura de rosto seja suficiente para validar transações, ele deve ser responsabilizado. Afinal, a segurança dos clientes não pode depender de um sistema tão frágil que pode ser enganado com métodos rudimentares.
O Que Fazer Se Você Foi Vítima?
Se você caiu nesse golpe, há dois passos fundamentais:
1. Registrar um Boletim de Ocorrência (B.O.) – Isso formaliza o crime e é essencial para futuras ações judiciais. Além disso, advogados que tiverem sua identidade utilizada indevidamente também devem registrar um B.O. para proteger sua reputação.
2. Processar a Instituição Bancária – O banco tem responsabilidade objetiva sobre a segurança das transações. Se ele permitiu que criminosos usassem a biometria de forma fraudulenta, é obrigação dele ressarcir os prejuízos.
Advogados e Clientes Precisam se Proteger
Esse golpe não afeta apenas quem teve dinheiro roubado, mas também os advogados, que veem sua reputação ameaçada. Por isso, tanto clientes quanto advogados devem adotar medidas de proteção:
• Para clientes: Sempre confirme diretamente com seu advogado por canais oficiais antes de acreditar em mensagens recebidas no WhatsApp.
• Para advogados: Reforce a segurança cadastrando sua foto no Google Alert para ser notificado caso ela seja usada em páginas suspeitas.
No fim das contas, o crime digital avança como uma startup de sucesso, inovando e explorando falhas que não deveriam existir. Enquanto isso, cabe às vítimas – tanto clientes quanto advogados – cobrarem que os bancos assumam sua responsabilidade e fortaleçam suas medidas de segurança.